Yallanir Rhunam

(Guerreiro - Humano)

Era para ter sido uma viagem normal, a previsão para que ocorresse algum contra tempo tinha deixado de existir com a contratação de um grande grupo de guardas, visto que se o problema fosse um assalto à caravana, sua proteção tornaria o fato sem importância.
Mas as coisas não são simples assim. O líder da caravana era um comerciante promissor, vendia armas, e para isso nascera com o dom, não era ferreiro, sua especialidade consistia em comprar dos trabalhadores das bigornas e vende-las. Para isso o comerciante Morin convencia até os mais desconfiados a acreditarem que suas armas fariam milagres. Não que ele só enganava, sua filosofia consistia que a autoestima e confiança associada a fé era tudo que um combatente precisava, mas quando Morin comercializava itens de qualidade superior ou para heróis com missões importantes, o dinheiro entrava em segundo plano; uma das qualidades deste comerciante era sua amizade sincera e o respeito, era capaz de entender um aventureiro sem futuro para o perigo em busca de um dragão para duelar; entendia a importância de cada um e os seus problemas. E talvez seja exatamente isso que levara a sua ruina e seu único filho de 6 anos a um destino jamais pensado por ele. O pequeno Yallanir.
Yallanir possuía desde pequeno um físico de guerreiro, alto para a idade, braços fortes e uma mente determinada; possuía também grandes olhos castanhos e uma farta cabeleira ruiva. Mas Morin tinha uma barriga de barril, cabelos e barbas negras e era tão baixo como um grande anão, a única semelhança eram os olhos, concentrados e desconfiados, a mãe de Yallanir era uma donzela de família pobre, mas sempre idealizada como a mais bela das mulheres; Morin sempre falava como um homem que ficava apaixonado com o auxílio de uma boa quantidade de cerveja.
O fato que marcaria Yallanir para o resto da vida não tinha uma explicação certa, ninguém saberia dizer quem foi ou porque ocorreu; não de forma exata. Morin ao longo da vida acumulou muitos amigos e o dobro de inimigos, de forma que sua caravana não fora assaltado por bandoleiros de estradas. O grupo de guardas contratados a véspera e de forma fácil na cidade se mostraram como mercenários contratados por um possível rival, de forma que Morin fora morto e esquartejado e toda sua mercadoria roubada. Yallanir não presenciara o fato, tinha entrado pela floresta ao lado da estrada para esvaziar as tripas enquanto tudo ocorria. Ele ouvia as risadas dos guardas, mas nada desconfiou porque sabia que os adultos ficavam sorridentes com a pausa de um dia de viagem cansativo junto com um barril de vinho. Dois dias mais tarde, Yallanir fora encontrado abraçado aos restos mortais de seu pai, seu corpo estava completamente sujo de sangue e fedia a carne em decomposição, sua mente estava vagando em algum lugar, de forma que quando o levaram ele balbuciava coisa incoerente sobre “sabre e “leões”.
Yallanir fora entregue a uma igreja qualquer, tinha sido visto como uma criança louca, mas com o tempo um sentimento de vingança e inconformismo cresceu dentro dele, de forma que na primeira oportunidade abandonou o trabalho da igreja e fora morar na rua, queria saber o por quê aquilo tinha acontecido com seu pai, e a rua era aparentemente o melhor lugar para conseguir essas informações. Ele sobreviveu por cinco anos nas ruas, roubando, brigando, passando frio, calor, fome; mas nunca desistiu da única forma de saber algo sobre o dia que seu pai foi assassinado. Yallanir lembrava-se que seu pai estava muito apreensivo e empolgado por possuir uma arma singular – um belo sabre com a lâmina longamente curvada com o cabo em forma de leão – de forma que ele sempre que possível procurava informações sobre os sabres; mas os sabres que ele presenciava não eram tão curvos como do seu pai, teria que ser igual, pois o homem que o possuísse lhe daria informações a respeito de seu pai, assim como sua vingança.
Depois de cinco anos nas ruas, quando já era experiente o suficiente para não ser pego ou morto de forma desprevenida Yallanir presenciara um crime. Ele refugiava-se em um antigo buraco escavado e abandonado num beco sem saída da cidade. Quando estava voltando de um dia infrutífero de furtos um homem com roupas finas e caras estava rodeado por vario bandidos, todos portavam espadas baratas e armas improvisadas, no entanto o homem porta uma fina e curvada lâmina, muito parecida com a tal arma que ele procurava. Mas o que mais surpreendeu ele foi o desfecho daquela situação, o homem que parecia ter um destino selado, pois estava em desvantagem numérica atacou com uma velocidade impressionante, seu atacantes tentaram ataca-lo, mas ele usava seus movimentos contra eles mesmo, pois hora atacava, hora esquiva, fazendo uma dança de morte, cortando, furando, acertando um alvo improvável à suas costas; seus passos eram leves e precisos. Yallanir não sabia o que fazer, mas mesmo assim ele agiu, por puro impulso, pois Yallanir sempre fora impulsivo para tudo aquilo que desconhecia, pegou uma clava de um dos bandidos que deixara no chão e atacou um dos bandidos fazendo este baixar à guarda, enquanto o misterioso homem abria um pequeno, mas fundo rasgo em sua garganta fazendo o sangue jorrar longe. Quando tudo tinha acabado o homem surpreso pela inesperada ajuda questionou o jovem o motivo de sua ajuda, Yallanir só disse uma coisa, “o sabre”.
A partir daquele momento, o homem ajudou Yallanir, se ele se interessava por sabres e principalmente por aquele tipo, pois poucos conheciam a técnica para maneja-la, consistia num sabre apelidado como “rápido”, era mais rápido e preciso do que os convencionais, ele precisaria se dedicar e quando conseguisse achar a tal arma estaria preparado para tomar do seu falso dono.
O homem misterioso era um rico senhor já de meia idade que ganhara fortunas em duelos, dizia que nunca perdera e tinha uma técnica de luta exótica, seu apelido quando jovem era de “duelista da morte”, uma alcunha que sempre vinha acompanhado por morte e medo, com o tempo o duelista caiu no anonimato por algum motivo escolhido por ele mesmo, ele nunca disse seu nome verdadeiro apenas um nome que ele usava nas ruas quando tratava alguns assuntos de importância para pessoas que tinham inimigo, Rhunam.
Com o tempo Yallanir adquiriu técnicas parecidas como a do duelista, mas de forma diferente, pois Yallanir construíra um método que achava vantajoso misturando mais de uma técnica. Seu desejo pelo sabre estava ainda latejando dentro de seu peito, mas só aprenderia a manuseá-lo quando encontrar a antiga arma com o punho de leão que fora de seu pai. Viajando pelo mundo em busca de pistas e conhecimento Yallanir se tornara um combatente peculiar e perigoso, não possuía os ataques pesados e brutais de alguns guerreiros, sua forma de lutar consistia na velocidade e precisão.
Muitos anos se passaram e sua procura continua como a mais sólida das lembranças.

Por Igor Milen

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